Ser professor é mais do que uma profissão; é uma forma de trabalho que exige coragem, paixão e, acima de tudo, um profundo compromisso com colaboração, objetivando a transformação da sociedade. Como muitos outros, a minha trajetória como professor não foi algo planejado desde a infância, mas uma escolha que se revelou ao longo do caminho, impulsionada por necessidades práticas e, posteriormente, por uma descoberta apaixonada.
Cresci em uma família humilde, onde o acesso à educação era visto como um privilégio raro, quase inacessível. Meus pais, Antônia Maria Peixoto e Manoel Francisco da Silva, apesar de semianalfabetos, sabiam da importância da escola. Minha mãe, com sacrifício, partia lápis ao meio para que eu e meu irmão pudéssemos ter material suficiente para estudar. O caderno de 50 folhas era dividido em dois, e as calças remendadas e as sandálias Havaianas, eram nossos únicos recursos para ir à escola. Estudávamos em turnos diferentes, eu no intermediário, ele pela manhã. E, sinceramente, íamos à escola, muitas vezes, pela merenda, que era o único sustento garantido naquele dia.
Foi na sala de aula que descobri, por acaso, minha verdadeira paixão pela educação. Era tímido e, como muitos jovens pobres, precisei trabalhar desde cedo para sobreviver. A profissão de professor surgiu como uma necessidade, mas rapidamente se transformou na minha profissão. Com o tempo, percebi que o ensino não era apenas um meio de vida, mas uma maneira de mudar vidas. As dificuldades da prática docente, o desafio de ensinar em um país com tantas desigualdades, e a luta constante contra as adversidades me moldaram e fortaleceram minha convicção de que a educação é a chave para um futuro melhor.
A educação, como nos ensinou Paulo Freire, é um instrumento de mudança, e eu sou testemunha viva dessa verdade. A escola pública, que salvou minha vida, é a mesma que continua a salvar milhares de jovens em todo o Brasil, apesar de todos os desafios que enfrenta. Hoje, os tempos são diferentes, mas os desafios permanecem. Temos greves, lutamos por melhores salários, e enfrentamos a violência tanto dentro quanto fora da sala de aula.
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Uma resposta
Parabéns pela crônica!
Um exemplo de vida.
MALUDE Maciel