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O passado é uma roupa que não nos serve mais. Por Herlon Cavalcanti e José Urbano

3 de outubro de 2024

Fotos: Divulgação

Começamos este artigo usando a frase do grande poeta cearense Belchior: “O passado é uma roupa que não nos serve mais!”.

É duro lembrar do passado que envolve nossa cidade, os problemas deixados, as manchas registradas como fraturas expostas em várias áreas da cidade e, sim, na cultura, marcas que não se apagam.

Quem não se lembra da nossa Vila do Forró, que foi demolida na calada da noite, deixando órfãos uma multidão de artistas e comerciantes?

Quem não se lembra do Muro da Estação Ferroviária, que foi derrubado para a construção de “uma rua”, um absurdo contra o patrimônio histórico da nossa cidade?

Quem não se lembra da Biblioteca Municipal, que foi fechada, com os livros jogados de qualquer jeito e o acervo histórico do escritor Álvaro Lins completamente abandonado?

Quem não se lembra dos agentes culturais que foram demitidos, verdadeiros Mestres da cultura popular de Caruaru, como Severino Vitalino, Tavares da Gaita, Lídio Cavalcanti, Mestre Gercino do Boi Tira-Teima, entre outros?

Quem não se lembra de que alguns artistas de Caruaru recebiam o cachê de um São João apenas no ano seguinte, com atraso de mais de 10 meses?

Quem não se lembra da nossa Estação Ferroviária, que foi totalmente descaracterizada, em um total desrespeito à memória e à história da cidade?

Quem não se lembra do Projeto “REVITALINO” no Alto do Moura, que não saiu do papel? Apenas um pequeno trecho de uma calçada foi feito.

Quem não se lembra de que os moradores da Zona Rural de Caruaru no período junino não eram assistidos, e não havia sequer uma zabumba batendo como registro das festividades juninas, diferente de hoje, quando temos 13 comunidades com o São João na roça?

Quem não se lembra da ”promessa” de construção do Teatro Municipal e até da promessa de construir um teatro em cada bairro da cidade? Essas e outras tantas fraturas sumiram do mapa cultural da nossa cidade e, sinceramente, o retrovisor do tempo não apagará.

Quem não se lembra do relógio da Rua da Matriz, um cartão-postal da nossa cidade que foi derrubado para dar lugar a um monumento que se dizia “moderno”, mas que, sinceramente, parece uma caixa de pombos?

Estamos vivendo novos tempos e muitos avanços em todas as áreas da cidade, com políticas públicas que marcam o crescimento e a melhoria da qualidade de vida do povo caruaruense nas áreas de Educação, Saúde, Desenvolvimento Social, Políticas para as Mulheres, Cultura e tantas outras.

A cultura é o espelho da alma de um povo, mas registrar esses traumas é trazer um passado que ainda machuca muito nossa história e todos os seus fazedores culturais.

Terminamos o texto lembrando mais uma frase do poeta Belchior: “Pela dor eu descobri o poder da alegria e a certeza de que tenho coisas novas, coisas novas pra dizer”.

Hérlon Cavalcanti – Jornalista

José Urbano – Historiador

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