No século XIX o acesso a teatros era privilégio apenas da elite, excluindo da grande parcela da população o direito de ter acesso a arte e de construir sua cidadania. No contexto hodierno, é identificável que uma parte da sociedade ainda é negligenciada ao acesso à arte, o que limita e dificulta o processo de desenvolvimento da cidadania do povo, ou seja, a arte, como instrumento de educar, bem como desenvolver o pensamento crítico e reflexivo, ao ser glamourizada não é proporcionada integralmente a sociedade, trazendo à tona o difícil acesso à arte bem como a desvalorização dela. Desse modo, a camarotização do acesso à arte e a banalização acerca do assunto corroboram a ausência de inserção da arte como ferramenta para a construção da cidadania.
Em primeira análise, a camarotização do acesso à arte reafirma a importância do uso das manifestações artísticas para a construção do cidadão. Visto que, quando apenas uma parcela da população Tem acesso a obras artísticas, a outra parte não compreende e exerce a cidadania, sendo assim, se a arte fosse proporcionada a todos de maneira igual todo indivíduo teria a oportunidade de transmitir conhecimento, bem como tornar a vida em sociedade justa e plena, garantindo o bem comum. Sob esse viés, na série “Gossip Girl” é relatado o quanto a elite tem privilégios e mais acesso à arte, especialmente em teatros, óperas e museus, enquanto quem não faz parte da elite fica limitado ao acesso a esses tipos de artes. Fora da ficção, a realidade é semelhante, na qual a camarotização da arte exclui o direito de alguma parte da população não ter acesso a manifestações artísticas. Consequentemente, as obras de artes são desvalorizadas e cada vez mais glamourizadas, o que faz a sociedade exercer menos seu papel de cidadão, de ser ativo na comunidade bem como de construir seu próprio papel de cidadão e compreender a importância dele.
Somado a esse contexto, a banalização acerca do assunto é um fator que colabora a ausência da capacidade de formação de pensamentos e ideias críticas. Ou seja, ao não se debater sobre a importância e necessidade da utilização da arte para o desenvolvimento da cidadania, a sociedade não entende o que é a cidadania e não a exerce, tornando a sociedade cada vez mais segregada e sem participação integral. Sob essa ótica, a Constituição Federal de 1988, no seu artigo reitera que é dever do Estado garantir acesso à arte e incentivar a valorização dela. Dessa maneira, é identificável que o Estado negligencia esse direito do mesmo modo que não é abordado a importância da utilização da arte para a formação do exercício da cidadania. Nesse sentido, é notório que a arte é um elemento que representa a diversidade e que é fundamental para ampliar os conhecimentos.
Infere-se, portanto, a arte como instrumento para o desenvolvimento da cidadania é um fator que necessita urgentemente ser colocado em prática na sociedade. Logo, cabe ao Poder Legislativo, junto com o Ministério da Educação e Cultura, elaborar um Plano Nacional, por meio de leis que visem ofertar e facilitar o acesso à arte brasileira, tornando o acesso a ela gratuito e fácil. Ademais, se faz necessário desenvolver Campanhas com o objetivo de incentivar a valorização e a utilização da cidadania, ressaltando a importância bem como democratizando ela. Quiçá, reverte-tação dela para o que é retratado em Gossip Girl”.