Há 100 anos (19.08.1924), nascia em São Caetano, MESTRE GALDINO (Manoel Galdino de Freitas), consagrado ceramista, poeta e violeiro
Com seus monstros e personagens fantásticos conquistou fama e é hoje uma referência na arte popular.
Era de uma camaradagem sem medida e sua cordialidade lhe emprestava ares de fidalguia. Dizia que a sua mulher, Maria Rendeira, “Começou a vida como um sonho…”, no entanto, sem se aperceber, era ele mesmo o fazedor de sonhos.
Além do “Mané Pãozeiro”, a peça que lhe deu notoriedade, gosto especialmente da história do “Lampião-sereia”, hoje integrante do acervo do Museu Casa do Pontal, no Rio.
Vamos ao texto de Angela Mascelani no seu belo livro: O Mundo da Arte Popular Brasileira:
“Manoel Galdino tematiza em muitas obras a relação entre o bem e o mal. Ceramista e poeta, suas modelagens estão intimamente ligadas a conceitos que expressa em forma de versos. Na obra Lampião-Sereia, por exemplo, o artista imagina o temido cangaceiro – espécie de bandido vingador dos sertões nordestinos – como uma doce sereia. Associa dois personagens, que a seu ver exprimem ideias antagônicas. Funde Lampião – que representa o feminino e passivo que gera o bem. Galdino diz que se Lampião tivesse conhecido o mar teria deixado de lado sua crueldade e brabeza. Seria dócil como uma sereia”.
Ingênuo e despretensioso, Galdino e sua obra representam a gênese da pureza e da inventividade, características basilares da verdadeira arte, antagonista de alguns “artistas” que o “novo” mercado de arte fabrica a todo o momento, com suas bizarrices, seus vazios e seu estrelismo.
Viva Galdino, simples assim.