Como nenhum outro personagem de sua época, Virgulino Ferreira entendeu e definiu o seu papel no teatro social do nordeste, tendo como cenário a paisagem árida e os grandes vazios territoriais, espaço o qual ele soube preencher singularmente.
Vaidoso, ostentava a auto denominação de Governador do Sertão, e assinava como Capitão , o Rei do Cangaço , tendo como sua corte e exército seus fiéis cangaceiros. Esteve com o Padre Cícero, do qual era devoto e amigo, além de grato pelo acolhimento de familiares… nunca soubemos sobre o que dialogaram, esses dois líderes sertanejos!
Conhecedor das estradas, atalhos e caminhos ocultos, Lampião era consciente da força de sua imagem para a posteridade, e tratou dela com todo o cuidado para as lentes do libanês Benjamin Abraão que o filmou e fotografou.
Transitou entre santos e demônios, pobres e ricos, odiou, amou, procriou, sentenciou, matou e perdoou com a mesma dinâmica. Inteligência e coragem o definem.
Com Maria Bonita, conheceu o amor, foi pai e marido. E foi a sua vaidade que deu rosto ao Cangaço, fornecendo imagens que diretamente contribuíram para a sua implacável perseguição e morte…mas também para conhecermos hábitos e a estética do cangaço. Sua fotografia foi exibida mundo a fora. Da escuridão das noites sertanejas na caatinga, saltou para a magia das telas dos cinemas!
O seu nome está na galeria dos fenômenos sociais do nordeste.
É o brasileiro mais biografado da história. O maior desafio da sociologia é separar realidade, de invencionices, no tema Cangaçologia. Novos fatos poderão surgir, a história é uma ciência que não se deixa delimitar!
Tive a honra de estar em alguns locais de sua trajetória, do nascimento, casamento e morte, além de conhecer a fonte número 1 da sua historiografia: Antonio Amaury , 62 anos de pesquisa sobre o tema.
O cenário, o roteiro e os atores sociais, é assim que se faz e se conta a história da humanidade.
Viva a cultura nordestina!