Se vivo estivesse, o poeta Jansen Filho completaria 100 anos neste dia 1º de maio de 2025. Astro de primeira grandeza, deve seu nome estar nos mais elevados patamares das letras brasileiras. As novas gerações merecem e precisam (re)descobrir esse poeta, cuja brasilidade foi sua marca indelével.
Tendo-se notabilizado como repentista e escritor, Jansen Filho encarnou em si a essência de duas cidades onde viveu e estudou: Monteiro, sua terra-natal e também do genial repentista Severino Pinto, e Taubaté, cidade em que nasceu Monteiro Lobato, autor d’O Sítio do Picapau Amarelo.
Quando improvisava, Jansen Filho até prescindia do acompanhamento da viola e de sua boca jorravam versos com perfeita métrica e oração envolvente. A excelência da inspiração era lapidada em seus versos escritos, como pode ser comprovado em vários livros, dentre os quais citaremos ‘Um sonho em cada canteiro’ e ‘Caravana de estrelas’. Seu talento poético o conduziu a liceus, bibliotecas, emissoras de rádio e televisão, atendendo a convites para realizar recitativos e apresentações empolgantes, com improvisos luzidios como estrelas cadentes.
Com estro superior, foi alvo de elogios e admiração da parte de gênios de áreas distintas. O escritor Jorge Amado registrou: “Jansen Filho é um poeta que nasce da terra e do povo. Sua poesia tem cheiro de terra, de agreste, de sertão. Sua voz é pura e legítima”. O jornalista Plínio Salgado descreveu-o como “o mais brasileiro dos poetas da sua geração”.
A romancista Dinah Silveira de Queiroz, segunda mulher a tomar posse na Academia Brasileira de Letras, assim o exaltou: “Jansen Filho, o poeta viajor do Tempo, me apareceu em casa. E foi festejando tudo em versos que se despejavam em cascatas de água pura. Essa espantosa figura que verseja, aparentemente, com mais facilidade do que nós conversamos – sem pausas longas, sem hesitações – como se fosse um caso raro de mediunidade”.
O poeta morreu em São Paulo, no dia 18 de julho de 1994. Contudo, seu legado não pode ser esquecido. Doloroso é perceber que tão nobre autor hoje é desconhecido de muitos, inclusive dos nossos estudantes de Ensino Fundamental e Médio. É urgente que seja lido, nos mais diversos rincões, sobretudo diante de uma realidade em que a poesia brasileira padece com as impiedosas feridas que lhe impugnam os zelotes do idioma.
Jénerson Alves é professor, jornalista, poeta e vice-presidente da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel.