Consultor jurídico no Poder Legislativo de Caruaru e conselheiro da Ordem dos Advogados de Caruaru (OAB), João Américo Rodrigues de Freitas nos fala sobre o os momentos finais dessa campanha e também avalia Paulo Câmara. Confira entrevista:
Estamos nos últimos dias da campanha presidencial. Qual sua análise desse segundo torno?
Nessa reta final eu analiso como empobrecimento do debate político. Uma vez que os grandes temas mais importantes para o Brasil, como: Economia e Reforma da Previdência saíram da cena da discussão. A ausência de um dos candidatos, seja por estratégia ou por questões clínicas empobreceu muito o debate. A gente está envolto com discussões morais, ou seja, a favor ou contra família, aborto, etc.
O fato de eu ser a favor da família, nessa onda conservadora que assola o país, acaba não debatendo outros temas importantes, como eu estava falando. O ataque pessoal vai desaguando na violência moral e está levando a militância a ter esse ânimo acirrado. Me parece que aconteceu algo semelhante em 89. A democracia sai fortalecida, mas o debate político empobrecido.
Nesse sentido as acusações predominaram, muitas delas sem fundamentos, mas que outros temas deveriam ser explorados e ganhar relevância?
Deficit Fiscal é um desses temas. Quanto o Governo arrecada e quanto gasta. O que diminui na máquina administrativa? Como podemos arrecadar mais e diminuir o que sai?
Reforma Previdenciária, o próprio Tribunal de Contas faz o prognóstico de que a Reforma Previdênciária é deficitária. Mas precisamos saber qual o modelo dessa reforma que vai impactar por décadas.
A manutenção dos Programas Sociais, o que vai continuar ou não? Em que nível a gente quer isso, se vai ser unificado ou não? E a questão da Mobilidade Urbana? E a saúde? Qual vai ser o protagonismo das cidades e dos estados nesse modelo que os candidatos pensam a saúde? Além de tudo qual o compromisso que o candidato tem que assumir com a Democracia, a Constituição e com as Instituições.
salário Mínimo, qual a valorização que teremos? O que o Estado pretende fazer com 13 milhões e desempregados? O que o Estado pretende fazer com 66 milhões de pessoas com nome no Cerasa e SPC? Como será a relação do Estado com o Sistema Bancário?
As redes sociais se destacaram como nunca…
Estamos no fenômeno da Fake News. No Brasil é a primeira vez que uma eleição pode ser decidida por causa de notícias falsas. Cada pessoa se torna uma redação de um jornal. Por conta da democratização da informação nas campanhas. Antigamente a imprensa era como as pessoas se imformavam sobre seus candidatos. Agora tem whatsapp, facebook, instagram, twitter, e só disseminando informações criando um ambiente fértil, plantadas com a semente da mentira, e elas germinam, dão frutos. E se for desmentir as pessoas preferem ainda acreditar na mentira. Essa proliferação de fake News não teve o combate e a punição que deveria ter, pode até tirar do ar, mas não tem punição.
Sobre Paulo Câmara, ele ganhou vida própria? O que podemos esperar desse seu segundo governo?
É evidente que o fator da morte de Eduardo Campos em 2014 impulsionou a campanha de Paulo Câmara que assumiu o legado de Eduardo Campos. Isso é inegável que nessa tragédia a única pessoa que poderia assumir o legado foi Paulo Câmara.
Agora, Paulo reuniu líderes políticos, o PP que tentou se rebelar, conseguiu trabalhar uma rebelião dos Ferreiras em Jaboatão, conseguiu agregar essas fontes de esquerda, nos bastidores, eu acredito que um grande vencedor da campanha de Paulo Câmara foram as ações de bastidores. Teve a candidatura de Marília Arraes rifada do processo, vários gestos estratégicos inclusive quando o PSB nacional se inclinava para apoiar Ciro. Paulo soube agregar vários líderes, agregou as esquerdas, inclusive com o slogan “Paulo é Lula e Lula é Paulo” com a influência forte e presente de Lula na política pernambucana. Toda essa reconstrução fez com que ele conseguisse se eleger e esperamos que ele faça um bom governo. Que cumpra com as promessas de campanha. Com os avanços no que diz respeito a Adutora, melhoras na segurança pública, requalificação e melhoramentos na área de educação e que esse governo faça o gesto em relação aos Servidores Públicos, que ao que me parece que é um tema importante.