Uma coisa tem a ver com outra: a crise climática no Rio Grande do Sul afeta especialmente crianças e adolescentes e impacta a garantia do direito à Educação, que é essencial para acessar os demais direitos sociais. É interessante também refletir, sobre o aspecto de que essa mesma crise climática tem suas causas naturais e políticas.
Por exemplo, são causas naturais e a ciência explica: Variações na radiação solar: A quantidade de energia solar que chega à Terra varia ao longo de milhares de anos devido a mudanças na inclinação do eixo da Terra e em sua órbita ao redor do Sol. Essas mudanças podem causar períodos de resfriamento e aquecimento graduais. No entanto, a influência humana no clima é muito mais significativa e rápida do que essas variações naturais.
Erupções vulcânicas: Grandes erupções vulcânicas podem lançar grandes quantidades de gases e partículas na atmosfera, o que pode causar resfriamento temporário do clima. No entanto, o efeito das erupções vulcânicas no clima é de curto prazo e não pode explicar o aquecimento global de longo prazo que estamos observando.
Mudanças na atividade oceânica: As correntes oceânicas desempenham um papel importante na regulação do clima da Terra. Mudanças na circulação oceânica podem causar alterações nos padrões climáticos regionais, mas não são capazes de causar o aquecimento global observado.
No âmbito das causas políticas e diretamente humanas, observamos questões fundamentais como: Queima de combustíveis fósseis: A queima de carvão, petróleo e gás natural libera gases de efeito estufa na atmosfera, como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. Esses gases retêm o calor do Sol, causando o aquecimento da Terra. A queima de combustíveis fósseis é a principal causa do aquecimento global e das mudanças climáticas.
Desmatamento: As florestas absorvem dióxido de carbono da atmosfera. Quando as florestas são desmatadas, esse carbono é liberado na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. O desmatamento é um grande problema no Rio Grande do Sul, especialmente na Mata Atlântica.
Agricultura: A agricultura contribui para as mudanças climáticas de várias maneiras, incluindo a emissão de gases de efeito estufa do gado e do uso de fertilizantes, o desmatamento para a criação de pastagens e campos agrícolas e a mudança no uso do solo, que pode alterar a capacidade do solo de armazenar carbono.
A Indústria: A indústria contribui para as mudanças climáticas emitindo gases de efeito estufa na atmosfera, como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, a partir de processos como a geração de energia, a fabricação de produtos químicos e a produção de metais. No Rio Grande do Sul, os efeitos das mudanças climáticas já estão sendo sentidos, incluindo: Aumento da temperatura média: A temperatura média no Rio Grande do Sul aumentou cerca de 1 grau Celsius desde o final do século XIX. Esse aquecimento está causando uma série de mudanças, incluindo o derretimento das geleiras, o aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos mais frequentes e intensos.
Por outro lado, temos as mudanças nos padrões de precipitação: As chuvas no Rio Grande do Sul estão se tornando mais irregulares, com períodos mais secos e mais úmidos. Isso está causando problemas para a agricultura e pode levar à escassez de água.
Na verdade, os eventos climáticos extremos, como secas, inundações, tornados e tempestades, estão se tornando mais frequentes e intensos no Rio Grande do Sul. Esses eventos podem causar danos à propriedade, infraestrutura e safras, e podem representar um risco à vida humana.
Politicamente falando, o poder público vem caminhando na direção oposta até aqui. Em setembro de 2019, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, alterou 480 pontos do Código Ambiental do estado, até então referência em proteção ambiental no Brasil. À época, Leite afirmou que o novo código teria como resultado “um melhor equilíbrio entre a proteção ambiental e o desenvolvimento socioeconômico”. Os fatos desmentem o Governador.
É importante notar que as causas e os efeitos das mudanças climáticas são complexos e interligados. As atividades humanas estão exacerbando as causas naturais das mudanças climáticas, e os efeitos das mudanças climáticas estão tendo um impacto significativo nos sistemas naturais e humanos. Para combater as mudanças climáticas, é necessário reduzir as emissões de gases de efeito estufa e se adaptar aos impactos que já estamos sentindo. Isso exigirá um esforço global e mudanças significativas na forma como vivemos e trabalhamos.
Enquanto isso, Com as inundações, boa parte das escolas do estado pararam de funcionar. Seu fechamento, apesar de inevitável, fere o direito à Educação, o que implica também em uma maior dificuldade de assegurar os demais direitos das crianças, adolescentes e suas famílias.
Na rede estadual, estima-se que 300 mil estudantes tenham sido impactados, quase metade das matrículas na rede estadual. Ao menos 217 mil estão sem qualquer contato com suas escolas. A estimativa é de que 30% a 40% dos professores tenham perdido suas residências.
Das escolas estaduais, 1.044 foram atingidas, o que representa 45% da rede. Destas, 588 foram danificadas e cerca de 50 terão de ser reconstruídas, provavelmente em outras localidades. É uma dupla tragédia: No meio ambiente e na escola.